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"Não é nada humilde insistir em ser quem não somos.". (Thomas Merton)"»♥«

«Quaisquer que sejam teus sofrimentos, a vitória sobre eles está no silêncio.»(Abade Pastor) »♥«

sexta-feira, setembro 14

É preciso evitar o Exagero

A experiência demonstra que o pianista que toca com excessivo ardor, ou o escritor que escreve depressa demais, é vítima de cãibras. Desanimado, sem poder fazer nada, vê-se de repente obrigado a interromper o trabalho, ele que, um minuto antes, estava tão entusiasmado. E a inação expõe a muitas influências más. Esse exemplo contém uma lição para ti. O jejum, a obediência, a austeridade de vida, a atenção, a oração, constituem um conjunto de práticas necessárias, mas não passam de práticas. E, toda prática deve ser empregada com naturalidade, calmamente, levando em conta a medida das próprias forças (cf. Lc 14:28-32), evitando qualquer exagero. "... Levai, pois, uma vida de autodomínio e de sobriedade, dedicada à oração" (1Pd 4:7), recomenda-nos o apóstolo Pedro e, por ele, o Senhor mesmo. É possível embriagar-se com outra coisa que não seja o álcool. Igualmente perigosa é a auto-exaltação, que provoca excessiva confiança em si mesmo, e a atividade apressada que dela resulta. Animados por um zelo sem reservas, que se traduz por exageros e falta de comedimento, semeamos assim, no terreno da vida espiritual, o que cremos serem sacrifícios. Mas os frutos que colhemos são duvidosos: tensão excessiva, impaciência quanto aos defeitos do próximo, justificação própria. Trata-se, pois, de "... não se desviar, nem para a direita, nem para a esquerda" (Dt 5:32), e de não ter nem a mais leve confiança em si mesmo.
Se não vemos em nós frutos abundantes de amor, de paz, de alegria, de moderação, de humildade, de simplicidade, de retidão, de fé e de paciência, é vão todo o nosso trabalho, como nos previne São Macário do Egito. Devemos trabalhar para a colheita, mas essa colheita é a obra do Senhor. Fica, pois, atento a ti mesmo e usa de discernimento. Se notares que te tornas irritadiço e exigente para com os outros, diminui um pouco o peso do teu fardo. Se procuras examinar a conduta dos outros, dar-lhes lições, dirigir-lhes observações, estás no caminho errado: quem renuncia verdadeiramente a si mesmo, não tem nada a censurar nos outros. Se achas que as pessoas que te cercam, ou as circunstâncias exteriores, te incomodam e te constrangem, é porque ainda não compreendeste em que consiste o teu trabalho: tudo o que, à primeira vista, parece constranger-te, na realidade te é dado como ocasião de aceitar os outros, de ser paciente e de obedecer. Um homem humilde não pode ser constrangido pelos outros: pode apenas constranger. Passa, pois, despercebido, evita tomar a dianteira, esconde-te. Entra no teu quarto e fecha a porta (Mt 6:6), mesmo quando és obrigado a permanecer no tumulto de uma companhia numerosa. E quando, às vezes, isso se torna demasiadamente difícil de suportar, sai, vai a qualquer lugar, contanto que possas ficar só; clama de toda a tua alma ao Senhor para que te ajude, e ele te ouvirá. Considera-te como uma roda, dizia o staretz Ambrósio. Quanto mais de leve a roda toca a terra, mais ela gira e avança com facilidade. Não penses nas coisas terrenas, não fales delas, não te preocupes com elas mais do que o necessário. Mas lembra-te também de que, se uma roda fica inteiramente no ar, não pode girar.

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