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sexta-feira, outubro 25

O Cristo da praça...


Algumas perguntas sempre surgem no nosso inconsciente e faz a mente trabalhar muitas vezes de forma negativa com relação a alma.
Certa vez, eu estava andando aqui nas ruas de São Paulo à procura de emprego.Passava momentos difíceis, tinha acabado de sair de abandonar a vida religiosa, então, muitas coisas se passavam pela minha mente e que afetavam a minha alma...

Tudo que para a multidão que estava à minha frente era normal, para mim era complexo, difícil, e fazia-me medo. Eu não estava acostumado com as selvagerias deste mundo, não sabia resolver problemas de negócios, o que costumam chamar de "esperteza" para mim isso não existia. Eu não era tão ingênuo, mas não tinha malícia nem má intenções em muitos casos, como até hoje ainda sou indiferente a certos tipos de malandragem.

Bom, então eu estava a procura de emprego, já havia andado muito por km a fora de não tinha conseguido nada...até que cansei de caminhar, cansei de levar o NÃO na cara e terminei chegando numa praça bem arborizada na região de Santo Amaro, bairro aqui da capital. Sentei naquele banco e comecei apensar em tudo que estava acontecendo.Algumas perguntas vieram assim como um num flasch e eu apenas ia deixando que elas fossem desaparecendo em meio as lágrimas que caim dos meus olhos.

Mas teve uma que não esqueci até hoje: por que eu abandonei a vida religiosa?
Sim, por que? Nada de errado eu teria feito, não fui expulso, não me senti traído por ninguém, não discuti com ninguém.Simplesmente decidi sair e após algumas semanas de reflexão eu estava largando tudo. Como eu poderia me encontrar agora naquele estado de desespero, de abandono, longe de minha família e também dos meus ex-colegas de formação da congregação?

Não demorou muito, olhei ao meu lado e vi um jovem talvez tivesse a minha idade na época, ele estava no outro banco, triste e chorando bastante.Em questão de segundos aquele jovem olhou para mim e disse-me:"Logo ali tem uma igreja, vai até lá!"  Levantei-me, e sair andando e olhei para trás, naquele mesmo banco não havia mais ninguém e nem ao redor da praça. Não sou muito de acreditar em aparições ou visões de imediato, mas fiquei impressionado!
Quando cheguei mais adiante avistei uma linda, majestosa igreja, e entrei.A partir daquele momento parecia-me que o mundo inteiro havia caído sob as minhas costas, psicologicamente arrasado, fisicamente cansado, espiritualmente a sensação era de que naquele momento havia descido sob mim uma legião de anjos me confortando. Ia saindo uma senhora e falei: gostaria de falar com o padre, ela disse: "ele já está vindo!" E mais uma vez eu me perguntei: como, ele está vindo, se eu não o havia chamado?
Então, sentei em frente ao sacrário e frente a frente com o meu Cristo Adorado eu comecei a conversar intensamente como já fazia no seminário.Através de minha lágrimas silenciosas, através do meu deserto interior eu fui desabafando com Ele. Assim eu comecei entender naquele momento que quem já estava vindo era Ele, o Cristo Sacerdote, sim era ele mesmo que iria ou que me atendendo naquele momento.E como foi esclarecedor aquele diálogo entre eu e o Cristo do sacrário!
Hoje, após vinte e três anos  que aconteceu isso comigo, eu já posso encontrar respostas para todas aquelas perguntas.Cristo não lhe deixa sem respostas!
Como os anos foram passando as coisas foram se revelando, Cristo foi me modelando e mostrando o porque da minha desistência da vida religiosa.
Anos depois, quando o meu filho Ícaro completou seis anos de idade, eu sofri uma IRC, meus rins atrofiaram e fiquei três dias na UTI da USP.Depois daquele acontecimento a minha vida materialmente desabou, psicologicamente abalou meu filho, e minha esposa e a mim também.Foram momentos de enorme provações, dores e perdas.Fui afastado do trabalho e comecei uma árdua e dolorosa jornada de tratamento de hemodiálise que se arrastaram por quatro anos.Quatro anos sem beber água, apenas molhando os lábios, meus braços ficaram cheios de terríveis hematomas e muita desilusão, dor e sofrimento.Mas diante de tudo isso quero agradecer a Deus por ter me dado a esposa que tenho, que nunca me abandonou, pelo o meu filho que soube superar e hoje é um filho abençoado por Deus.Com seus dezoito anos e com muita responsabilidade.
Porém, com muito esforço consegui fazer um transplante renal, em 2005 em Natal RN. E hoje, não estou totalmente curado porque o enxerto renal deu rejeição, mas tenho obtido sucesso diante da fé que tenho em Deus.
Então, descobri que nada é como a gente planeja ou como quer a nossa vontade.Mas tudo converge para a vontade de Deus. Deus sabia que diante do que eu iria passar eu precisava ter a esposa que tenho, os filhos que tenho, pois depois do transplante nasceu a Sarah, que agora tem seis aninhos e é também uma benção. Então, Deus sabia que diante de todo esse sofrimento, eu precisava ter a família que tenho.
Portanto, meu irmão, minha irmã, quando eu posto aqui ou nas redes sociais e digo que não se desespere, que não deixe de obedecer a Deus eu não estou repetindo frases dos outros, eu não estou enfeitando nada, mas expondo do fundo de minha alma as experiências vividas e sofridas por mim mesmo.
Você pode até se sentir cansado, triste, pode até encontrar um banco na praça e chorar, se questionar, mas não perca a fé, não deixe de ir buscar Deus e conversar com Ele.Ele estará pronto a lhe ouvir com paciência e espere através do tempo a resposta. Não confie nesses picaretas do evangelho que fazem a sua cabeça dizendo que Deus está dizendo isso ou aquilo a seu respeito, mas espere o tempo de Deus!
Fique com Deus!
PAZ E BEM!!!
Tarcísio Silva!

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