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sexta-feira, março 23

O Amor Maior

O AMOR MAIOR
Martírio, sinal de esperança entre os povos

O recente assassinato da Irmã Dorothy e a memória dos 25 anos da morte de Dom Oscar Romero, dão um gosto todo especial à Páscoa deste ano, memorial da paixão, da cruz e da ressurreição do Senhor Jesus, eixo central da nossa vida e da nossa missão.
Ser cristão é fazer memória, ser testemunhas. Desde sempre, na Igreja, ser “testemunha” e ser “mártir” quer dizer a mesma coisa.
Mártir é a testemunha radicalmente fiel até as últimas conseqüências, não porque gosta de apanhar, mas por amor: “Amem-se uns aos outros, como Eu amei vocês. Não existe maior amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,12-13).

A missão é, sobretudo, testemunho até o dom da vida. De fato, não basta falar de um Deus feito homem, crucificado e ressuscitado. É necessário mostrá-lo com uma vida santa encarnada nos nossos dias. O testemunho e o martírio, segundo o teólogo Jon Sobrino, são “a principal fonte de credibilidade da Igreja”.

Como Dorothy e Romero muitos outros homens e mulheres em todos os tempos foram testemunhas fieis doando sua vida pelo Reino de Deus. A maioria ficou no anonimato. Muitos estão sepultados no cemitério de Perus, bairro da periferia oeste de São Paulo, onde se encontra uma das nossas comunidades xaverianas. Lá foram enterrados os mártires da justiça do tempo da ditadura. Lá se encontra o corpo do jornalista Herzog. Lá foram sepultadas as vítimas do massacre do Carandiru. Lá encontraram morada definitiva os sete moradores de rua assassinados em agosto do ano passado, na Praça da Sé.

Também vários xaverianos foram assassinados por ficarem ao lado dos pobres: no Brasil, no Congo, no Burundi, no Bangladesh, na China. Nosso Fundador, Guido Maria Conforti, sempre nos alertou dessa possibilidade na vida missionária. Aliás, nos apresentou a vida missionária como um martírio, como dom de si sem restrições. A morte violenta não é aspiração de ninguém: mas pode ser uma conseqüência sim para os discípulos e as discípulas do Senhor. Ser missão, ir à missão, vai equivaler, com freqüência, a ser martírio, ir ao martírio.

Desta maneira, e somente desta maneira, podemos tornar visível a esperança cristã. Esperança é poder afirmar, em meio a uma sociedade de conflitos entre dominadores e dominados, a necessidade de uma mudança radical. Nisso consiste o Advento do Reino de Deus. Enquanto isso não se afirma em praça pública, não há esperança, mas apenas desejo, sonho ou ilusão de esperança.
“Quando os mártires desaparecem – diz o teólogo José Comblin – pode-se deduzir que a Igreja perdeu a esperança. Ela já não está mais implicada nas lutas pela libertação humana. Esperar é agir, comprometer-se. Enquanto não há ação, não há esperança”.

de Elena Conforto
http://www.xaverianos.org.br/

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