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terça-feira, agosto 7

O Que é a Meditação Cristã?

1. Em muitos cristãos do nosso tempo manifesta-se vivo o desejo de aprender a orar de modo autêntico e profundo, não obstante as não poucas dificuldades que a cultura moderna opõe à exigência advertida de silêncio, de recolhimento e de meditação. O interesse que algumas formas de meditação conexas com certas religiões orientais e com os seus modos peculiares de oração têm suscitado nestes anos, também entre os cristãos, constitui um sinal notável desta necessidade de recolhimento espiritual e dum profundo contacto com o mistério divino. Perante este fenómeno, adverte-se, todavia, de diversas partes, a necessidade de dispor de critérios seguros, de carácter doutrinal e pastoral, que permitam educar à oração nas suas variegadas manifestações, permanecendo sempre na luz da verdade revelada em Jesus, segundo a genuína tradição da Igreja. A tal urgência procura responder a presente Carta, a fim de que, nas várias Igrejas particulares, a pluralidade de formas, mesmo novas, de oração, não lhes faça nunca perder de vista a exacta natureza pessoal e comunitária desta. As presentes indicações dirigem-se, em primeiro lugar, aos Bispos, para que as façam objecto de solicitude pastoral em favor das Igrejas que lhes foram confiadas, de modo que todo o povo de Deus — sacerdotes, religiosos e leigos — seja incitado a rezar, com renovado vigor, ao Pai, mediante o Espírito de Cristo Nosso Senhor.

2. O contacto cada vez mais frequente com outras religiões e com os seus diversos estilos e métodos de oração, tem induzido, nos últimos decénios, muitos fiéis a interrogar-se sobre o valor que podem representar, para os cristãos, formas não cristãs de meditação. O interrogativo refere-se sobretudo aos métodos orientais.(1) Há quem procure hoje tais métodos por motivos terapêuticos: a inquietude espiritual duma vida submetida ao ritmo agitado da sociedade tecnologicamente avançada, impele também um certo número de cristãos a procurar em tais métodos um caminho de distensão interior e de equilíbrio psíquico. Este aspecto psicológico não será tomado em consideração na presente Carta, a qual deseja mais propriamente pôr em evidência as implicações teológicas e espirituais da questão. Outros cristãos, na esteira do movimento de abertura e de diálogo com religiões e culturas diversas, são do parecer que a própria oração tem muito a ganhar mediante o recurso a tais métodos. Chamando a atenção para o facto de que, em tempos recentes, não poucos métodos tradicionais de meditação próprios do cristianismo foram caindo em desuso, alguns cristãos perguntam: não seria possível, mediante uma nova educação à oração, enriquecer a nossa herança tradicional, incorporando nela elementos que lhe têm sido até aqui alheios?

3. Para responder a esta questão, é preciso esclarecer, em primeiro lugar, mesmo que seja só nas suas grandes linhas, em que consiste a natureza íntima da oração cristã, examinando em seguida, se e como possa ser melhorada por métodos desenvolvidos no contexto de religiões e culturas diversas. Para tal fim, é necessário formular uma premissa decisiva. A oração cristã é sempre determinada pela estrutura da fé cristã, na qual resplandece a verdade mesma de Deus e da criatura. Por isso mesmo, falando com propriedade, a oração assume a forma dum diálogo pessoal, íntimo e profundo, entre o homem e Deus. A oração exprime, por conseguinte, a comunhão das criaturas redimidas com a Vida íntima das Pessoas Trinitárias. Nesta comunhão que se funda sobre o baptismo e sobre a eucaristia, fonte e cume da vida da Igreja, encontra-se implícita uma atitude de conversão, um êxodo do eu para o Tu de Deus. A oração cristã, portanto, é sempre ao mesmo tempo autenticamente pessoal e comunitária. Por esta razão, recusa técnicas impessoais ou centradas sobre o eu, as quais tendem a produzir automatismos nos quais o orante cai prisioneiro dum espiritualismo intimista, incapaz duma livre abertura para o Deus transcendente. Na Igreja, a legítima busca de novos métodos de meditação deverá ter sempre em conta que, numa oração autenticamente cristã, é essencial o encontro de duas liberdades: a infinita, de Deus, e a finita, do homem.
Fonte:http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19891015_meditazione-cristiana_po.html#III._MODOS_ERRÓNEOS_DE_ORAR_

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