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sexta-feira, agosto 31

Apoftegmas - Abade Arsênio

1. Quando ainda morava no palácio, o Abade Arsênio ora a Deus dizendo: «Senhor, dirige-me de modo que seja salvo». E desceu a ele uma voz que dizia: «Arsênio, foge dos homens, e serás salvo».

2. O mesmo, tendo-se retirado para a vida solitária, orou de novo, proferindo a mesma prece. E ouviu uma voz que lhe dizia: «Arsênio, foge, cala-te, está tranquilo, pois estas são as raízes da impecância».

3. Certa vez apresentaram-se os demônios ao Abade Arsênio na cela, atormentando-o. Ora os que lhe serviam, tendo-se aproximado e ficando fora da cela, ouviram-no clamar a Deus e dizer: «õ Deus, não me abandones; nada fiz de bom em tua presença; mas, conforme a tua bondade, concede-me lançar o princípio».

4. Diziam a respeito dele que, assim como no palácio ninguém trajava veste melhor do que ele, assim também na igreja ninguém se apresentava com veste mais vil do que ele.

5. Disse alguém ao bem-aventurado Arsênio : «Como é que nós nada temos (de bom) em consequência de tanta erudição e sabedoria, ao passo que estes, os camponeses e egípcios, possuem tão grandes virtudes?» Respondeu o Abade Arsênio : «Nós pela erudição do mundo nada temos, enquanto estes, os camponeses e egípcios, pelo próprio labor é que adquiriram as virtudes».

6. Certa vez o Abade Arsênio interrogava um ancião egípcio a respeito de seus pensamentos ; outro, vendo-o, perguntou: «Abade Arsênio, como é que tu, que possuis tanta erudição romana e grega, interrogas este campônio a respeito dos teus pensamentos?» Disse-lhe Arsênio: «Possuo, sim, a erudição romana e grega; o alfabeto, porém, deste campônio, ainda não o aprendi».

7. Certa vez o bem-aventurado arcebispo Teófilo, acompanhado de um magistrado, foi ter com o Abade Arsênio. Pedia ao ancião que lhes desse a ouvir uma palavra. Após breve intervalo de silêncio, o ancião respondeu-lhe: «E, se eu vos disser a palavra, guardá-la-eis?» Prometeram guardá-la. Disse-lhes então o ancião: «Onde quer que ouvirdes estar Arsênio, não vos aproximeis de tal lugar» 1.

8. Outra vez, querendo de novo o arcebispo ir ter com ele, mandou primeiro saber se o ancião abriria. Este respondeu-lhe: «Se vieres, abrirei para ti; e, se abrir para ti, hei de abrir para todos; em tal caso, porém, não mais me quedarei aqui». Tendo ouvido isto, disse o arcebispo: «Se é para expulsá-lo que o vou procurar, não mais o irei procurar».

9. Um irmão pediu ao Abade Arsênio que lhe desse a ouvir uma palavra. Disse-lhe o ancião: «Com toda a força que tens, luta para que a tua labuta interior seja conforme Deus, e vencerás as paixões exteriores».

10. Disse também : «Se procurarmos a Deus, aparecer-nos-á; e, se o guardarmos, permanecerá conosco».

11. Disse alguém ao Abade Arsênio : «Os meus pensamentos me afligem sugerindo-me : 'Não podes jejuar nem trabalhar; ao menos sai a visitar os doentes, pois isto é caridade'». O ancião, que conhecia as sugestões dos demônios, disse-lhe : «Vai, come, bebe, dorme e não trabalhes; apenas não deixes a cela». Sabia, com efeito, que a perseverança ña cela coloca o monge na sua ordem devida.

12. Dizia o Abade Arsênio que o monge estrangeiro em terra alheia em nada se deve imiscuir; desta forma encontrará sossego.

13. O Abade Marcos perguntou ao Abade Arsênio: «Por que foges de nós?» Respondeu-lhe o ancião: «Deus sabe que vos amo; não posso, porém, estar com Deus e com os homens. Os milhares e as dezenas de milhares de espíritos supernos têm uma só vontade, enquanto os homens têm muitas vontades. Não posso, por conseguinte, deixar Deus e vir para junto dos homens».

14. Dizia o Abade Daniel, a respeito do Abade Arsênio, que este passava a noite inteira em vigília; quando, ao despontar do dia, por exigência da natureza, chegava a dormitar, dizia ao sono: «Vem, servo mau!» Então, sentado, dormia um pouquinho, e logo se levantava.

15. Dizia o Abade Arsênio que ao monge basta dormir uma hora, se, de fato, é um lutador

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